sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Um gigante pequeno...

Dia 03.10.2008: O gigante vivia em um mundo totalmente diferente do nosso: tudo era proporcional ao seu tamanho: ruas grandes, carros imensos, casas enormes... tudo que estava ao seu redor era, por si só, um item que lhe proporcionava sua satisfação pessoal, e nada mais! Tinha de tudo e conseguia com o seu tamanho: as melhores façanhas, os melhores desejos, as melhores posições profissionais. Ajudava a enxergar tudo e a todos ao mesmo tempo. Adquiriu confiança. Foi para cima. Teve sucesso! Mas, nunca se sentia satisfeito. Sempre buscava mais e mais de si. Limites? Palavra inexistente em seu vocabulário. De tanto olhar para frente, para o futuro, para o seu ego, para seu eu interior, para seu mísero umbigo, acabou por esquecer de olhar no que lhe sustentava: a fé. As vezes, para ele, a fé era justificada pelas meras conseqüências de suas próprias ações, de suas conquistas, de suas persistências materiais. Carregava dentro de si um ar pesado de mediocridade que, confesso, lhe deixava no high society de sua comunidade. E isso lhe satisfazia. E isso lhe consumia.

Na mesma proporção, após muitas conquistas, após muitos desejos, sentiu-se ferido pela ausência, pelo vazio, quando olhou em sua terna mente tudo o que tinha conseguido e plantado. Não possuía ninguém. Absolutamente nenhuma alma. Estava solitário em um quarto gigante, esparramado em sua cama suas conquistas, porém nenhuma justifica o seu “porque”, a sua malícia, o seu desejo e vontade de ter conquistado aquilo que realmente queria na vida. Sentia-se perdido. Sentia-se atordoado. Lágrimas imensas saíram de seus olhos amenos, derrubados pelo seu egocentrismo.

Decidiu então, medido pela sua incapacidade moral e psíquica de conseguir reverter algo neste exato momento de sua vida, mudar de planos, mudar de contexto. Decidiu olhar para baixo, se reerguer pelo justo, pelo até então não visto. Saiu, caminhou, pensou. Em sua frente, olhou uma pequena mangueira, plantada, do tamanho de seus pés. Viu que nela estavam pendurados pequenos cachos, pequenas frutas, ainda verdes. Não acreditou. Desmoronou-se. Piscou.... fechou os olhos, e tornou a abri-los novamente, totalmente embaçados pelas lágrimas derramadas... agachou...

Estendeu seus finos compridos dedos em uma das folhas. Olhou novamente. Em um de seus bolsos encontrava uma lupa. Fitou-a. Segurou firme com a outra mão e observou a folha. Tão pequena. Tão simples. Tão ela. Não pode acreditar nas ranhuras, nos vasos que a cortava e que serviam de caminho para o transporte de energia, de água, de vida. Seu mundo gigante se transformou.

O sol batia em seus olhos, já eram 5:47 da tarde. Mais um dia percorreu seus braços. Percebeu que sua origem era aquilo: o minúsculo. Percebeu que de sua vida, nada adiantara as conquistas materiais, fúteis e enganosas, que trouxeram prazer somente por um curto espaço de tempo. Lembrou de sua família, dos abraços, das risadas. Amigos. Pessoas que complementaram por um longo tempo de sua vida e agora estavam perdidas no vazio terreno de seu esquecimento. Onde elas estariam? Onde poderia encontrá-las para abraçá-las? Onde? Pensou para si: eu sou o mínimo. Eu sou isso, e nada mais!

Pegou sua luva, guardou em seu bolso. Entrou no quarto e de subido, enrolou seus bens em uma enorme roupa de cama. Deu um nó. Fechou as portas. Desapareceu...

Cansei de ser gigante... cansei de ser grande... cansei... quero o inesperado! Quero a novidade! Quero ser torturado pelo novo! Quero! Desejo! Sonho! E preciso disso... preciso, agora...

Dica: veja a galeria de imagens, no topo da página do lado direito, título "Flickr - Minha galeria de fotos", clicando nos respectivos links de seu gosto.

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