
Era fácil se sentir entorpecido pelo barulho da partida dos motores, pelos tufões gerados pelas hélices, pela energia que aquelas aeronaves cortavam o céu e pelos sustos e solavancos quando turbinas passavam diante de nossas cabeças sem qualquer prévio aviso.
Foram sentimentos tão distintos e únicos que posso dizer a vocês, caros amigos, que fiquei completamente hipnotizado pelas maravilhas que o homem é capaz de construir e principalmente na capacidade que este pode proporcionar para a construção e valorização da vida perante à natureza.

E não foi difícil usar a imaginação para que tudo isso acontecesse. Bastou a figuração dos “tucanos” com aquelas súbitas e distintas acrobacias para que meus nervos saltassem para fora. A mão ensopada de desespero e medo diante de tão grande ousadia daqueles pilotos, foram compensadas pelos aplausos e alívios no término de execução de cada movimento. São pessoas por demais técnicas. Nos momentos de descanso muscular e olhando para os lados, notei que era não somente eu que estava compenetrado naquela beleza, mas todos, absolutamente todos estavam, pelo menos por um instante, prestando atenção àquelas fumaças, piruetas e zunidos vindos do céu.

Mas percebemos que por mais belos que sejam os espetáculos eles são como as nuvens e fumaças marcadas por aquelas máquinas voadoras: se dissipam e migram para uma nova matéria, uma convergência de fatores e elementos para que tudo seja definitivamente renovado.
Acabamos por considerar que não foram aquelas aeronaves que, no momento da despedida, terminaram as acrobacias. Fomos nós que deixamos junto com aquelas nuvens as oportunidades e momentos que nos foram ofertados. Salientamos para nossas almas que valeu a pena estar presente naquele escaldante sol, sendo mutilados pelos raios que penetravam nossa pele, pelo único e bel prazer de tentarmos fazer parte daquele movimento, daquela oportunidade, daquele som.
Foi um espaço de tempo que tivemos a oportunidade de tornarmos simples aves, capazes de voar para o encontro de tudo que nos torna mais humanos e verdadeiros. Fui com aquelas maravilhas motoras para o céu, para o além, no sentido estrito da palavra, onde deixei plantado vários sonhos, que será digno de passos cautelosos para concretização.

“Com meus olhos abertos a tamanha formosura
Fui definitivamente levado com eles
Levado como em meus sonhos cotidianos
Onde anjos voam em minha companhia
Na busca de uma vida mais simples e mais completa
Aberta a novos pensamentos e realizações
Com uma pitada a mais de perseverança, garra e vontade
Para o crescimento da personalidade, da vida e da paciência”

“Naquele momento, mergulhei naquela imensidão
Azul
Infinita
Límpida
Acabei por deixar plantado uma semente de meu grandioso coração
Quando através de meus sonhos, acompanhados pelos anjos brancos voadores,
A regaremos com o mais belo alimento a sutileza, a paciência e a compaixão
Para que outras almas, com os mesmos propósitos de busca que passarem por ali
Sejam passíveis da colheita dos frutos azuis do céu
E se alimentarem do amor e da compaixão
Para que entendam que para receber a gratidão é necessário tão-somente
Tolerar
Respeitar
Insurgir aos defeitos
Entender
Definir o espaço de cada qual e
Não evadir nas limitações que o cercam
Pois somente assim o ser humano se sentirá mais vivo
Mais presente
Mais humano
Mais aqui.”

Foram através dos olhares de uma simples objetiva que me senti assim, completamente emocionado.
Penso que cada ser humano é um Criador e tem que ser visto como tal.
Entendo que o desejo de cada Criador seja transformar qualquer tipo de matéria prima da vida, material ou não, em manifestações divinas de cores, vibrações, sons, letras e imagens que podem ser registradas para a eternidade por um simples toque, sem capricho e sem regras.
Convém tanto ao Criador quanto ao Receptor estarem em uma mesma sintonia, com mesmos intuitos, pensamentos, olhares e sentimentos, capazes de captarem pelas emoções sensoriais a maravilha de nosso grandioso mundo, com olhares além daqueles até então vistos.
É de responsabilidade do Criador a demonstração da beleza, da sutileza e da simplicidade da natureza mas, principalmente cabe a ele ponderar e reafirmar através de seus atos a integração e comunhão do ser humano com o natural, tratando-os como seres únicos. É através do respeito e educação que será passível e possível a efetiva concretização desta tarefa.

Os Criadores são responsáveis pela demonstração e iniciação nos seres humanos da vontade cíclica de viver!
Como tarefa diária de nossas obras temos obrigação de plantar no coração humano a semente da esperança, para que este nunca desista de seu sonho, seu objetivo principal, por mais árdua e incapaz que ela possa ser naquele determinado momento.

Perguntas como: “E o pagamento?” e “E o que vou receber em troca por tamanho trabalho?” deveriam ser abolidas no pensamento humano.
Elas carregam em seu bojo a materialidade, item totalmente dispensável para uma construção saudável da alma de qualquer ser. Podemos receber absolutamente tudo em troca, menos bens palpáveis e ligados a matéria não naturais, pois estes são responsáveis pela estagnação, absorção e dispersão energética, tão preciosa e graciosa de ser criada.

Acho que o meu trabalho pessoal pode ser definido assim:
Um simples plantador e semeador de sementes.
E nada mais.
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