terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Lei do Amor - 1

"Orquídeas", do álbum "Jardim Éden" (clique)
"O amor é de essência divina. E todos vós, desde o mais culto ao mais humilde, possui no fundo do coração a centelha dessa chama sagrada. Um fato que já deveis ter constatado é que mesmo o mais desprezível dos homens, o mais vil, o mais criminoso, sempre tem por alguém, ou por um objeto qualquer, uma afeição tão profunda que às vezes atinge proporções sublimes.

Ao dizer “por alguém ou por um objeto qualquer”, eu me refiro aos indivíduos existentes entre vós que dedicam verdadeiros tesouros de amor aos animais, às plantas e até mesmo a objetos materiais. São pessoas solidárias que se queixam da sociedade e resistem à tendência natural de sua alma, que busca ao redor de si afeição e simpatia, rebaixando a Lei do Amor ao estado de instinto. Mas, façam o que fizerem, não conseguirão sufocar a semente que Deus depositou em seus corações ao criá-los. Essa semente se desenvolve e cresce com a moralidade e a inteligência, e, embora muitas vezes reprimida pelo egoísmo, é a fonte das santas e doces virtudes que geram as afeições sinceras e duradouras e vos ajudam a atravessar o caminho árido e íngreme da existência humana.

Há pessoas que rejeitam a prova da reencarnação, porque temem que outros possam partilhar das amizades que lhe são caras. Pobres irmãos! O vosso afeto é que vos torna egoístas. Vosso amor se restringe a um círculo íntimo de parentes ou amigos, e todos os demais vos são indiferentes. Pois bem! Para praticar a Lei do Amor, tal como Deus a estabelece, é preciso que ameis indistintamente a todos os vossos irmãos. A tarefa é longa e difícil, mas se cumprirá, pois Deus assim o quer. A Lei de Amor é oprimeiro e mais importante ensinamento de vossa nova doutrina, pois é ela que um dia deve aniquilar o egoísmo, seja qual for a forma sob a qual se apresente: o egoísmo pessoal, o egoísmo de família, de casta ou de nacionalidade. Jesus disse: “Amai ao vosso próximo como a vós mesmos”. Ora, e qual é o limite do próximo? É a família, a religião, a pátria? Não. É toda a humanidade. Nos mundos superiores, é o amor recíproco que harmoniza e dirige os espíritos evoluídos que os habitam. E vosso planeta, destinado a um progresso próximo em que prevalecerá a transformação moral de sua sociedade, verá essa sublime Lei, que é um reflexo da Divindade, ser praticada por seus habitantes.

Os efeitos da Lei do Amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrena. Os mais rebeldes e os pervertidos deverão corrigir-se quando virem os benefícios gerados pela prática do ensinamento que diz: “Não façais aos outros o que não gostaríeis que vos fizessem; ao contrário, fazei-lhes todo o bem que estiver ao vosso alcance”.

Não acrediteis no endurecimento do coração humano que, mesmo contrariado, se curva ao verdadeiro amor. É como um ímã ao qual não se pode resistir, pois o contato com esse amor vivifica e fecunda as sementes das virtudes que estão em vossos corações, prontas para se desenvolverem. A Terra, lugar de provações e de exílio, será então purificada por essa chama sagrada, e nela serão praticados a caridade, a humanidade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação e a renúncia, virtudes que são todas filhas do amor. Não vos canseis, pois,se ouvir as palavras de João, o Evangelista. Como sabeis, quando a doença e velhice interromperam o curso de suas pregações, ele só repetia estas doces palavras: “Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros”.

Amados irmãos, aproveitai essas lições. Sua prática é difícil, mas delas a alma obtém um bem enorme. Crede em mim, fazei o sublime esforço que vos peço: “AMAI-VOS” e logo vereis a Terra transformar-se e tornar-se um paraíso, onde as almas dos justos vão para repousar.

Fenelón, Bordéus, 1861.

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