Canastra...

Dia 13.04.2009.

A palavra "emoção" segundo o dicionário Houaiss: "Acepções: substantivo feminino; ato de deslocar, movimentar; agitação de sentimentos; abalo afetivo ou moral; turbação, comoção; reação orgânica de intensidade e duração variáveis, ger. acompanhada de alterações respiratórias, circulatórias etc. e de grande excitação mental".

Não existe outra palavra para descrever o passeio da Serra da Canastra, onde acampamos em Vargem Bonita. E-M-O-Ç-Ã-O sim, pois existiram momentos em que as palavras são incapazes de descrever a “reação orgânica de intensidade e duração variáveis” que ocorreram nos corpos de cada um das 19 pessoas que nos acompanharam nesta jornada. Eu disse EMOÇÃO! Não pelo fato somente da beleza exuberante e esplendorosa daquela natureza magnífica que arrancou de nossos corações lágrimas contidas de desejos e cortaram as nuvens com pensamentos longínquos e duradouros, mas pelo fato de conseguirmos, cada um de nós, a concretização de um sonho mantido no âmago de cada ser: sermos felizes, sentirmos completos e totalmente realizados.

Em todo caso, o camping foi fator determinante na percepção da realidade do que nós somos, da nossa importância de sermos seres humanos. Serviu para que colocassem em pauta os valores e as qualidades que nos foram dispostas quando nascemos, quando tivemos a oportunidade de respirarmos pela primeira vez ou ainda de responder a qualquer tipo de dúvida que paira com relação ao objetivo específico de cada um nesta vida.

Serviu para abrirmos os olhos para uma vida diferente e fascinante que nos rodeia. Serviu para jogarmos a importância de nossa vida nas pessoas que nos rodeiam. Serviu para nos diagnosticar e balancear todos os sentimentos possíveis e impossíveis que carregados dentro de nossos corações, tanto no nível racional quanto no nível emotivo. Serviu para diferenciarmos uma idéia de nosso idealismo, de nosso egocentrismo e de nossa banalidade já formada pela sociedade que nos é imposta e que pretendemos, indubitavelmente, fugir dos padrões sociais sem que sejamos discriminados e largados como indigentes de toda a cúpula macabra do idealismo perfeito que vimos diariamente. Serviu sim, para que jorrássemos de nossos corações, externando através de lágrimas, as emoções contidas que estavam lacras as sete chaves talvez por medo, talvez por vergonha ou talvez pela falta que nos faz pensarmos sobre as nossas reais atitudes.

O que é mais fascinante nas atividades de grupo é que julgamos que podemos realizar tarefas perfeitas de modo que complemente aos outros suas supostas imperfeições. Às vezes pensamos que podemos julgar as nossas atitudes como certas e erradas simplesmente porque já passamos atitudes suficientes para podermos ensinar aos outros o caminho certo e o caminho errado a se trilhar. Mas mal percebemos que ainda somos tapados pelo lenço da escuridão do desconhecido e que temos que trilhar esta suposta trilha, desenhada pela nossa intuição e pelo coração de uma forma mais direta, simples, coesa, e delimitada pelos fatores de compaixão e de compartilhamento, inerentes dos seres humanos.

O que senti foi uma conexão enorme entre vocês, amigos que me acompanharam, em todo os afazeres diários, desde um singelo “bom dia” até mesmo na força bruta empenhada em desenvolver qualquer atividade, seja ela psíquica ou mesmo física. Adorei observar cada um de vocês se descobrindo neste mundo maravilhoso totalmente conectado com nossa natureza pura da natureza, com nossos irmãos que pensam e estão conosco não por mero acaso, mas para complementarmos os sentidos que ainda não aguçamos de maneira certa e coesa. Foram inúmeras as vezes que percebi os olhares fascinados nas gotas que caíram daquela imensa e maravilhosa cachoeira que desbancou todos os corações encarcerados e despejaram lágrimas de emoções em nossos rostos e em nossa alma. É simplesmente impossível não sentir-se emocionado naquele lugar, vivenciados por dois dias, e humanamente descartada toda a possibilidade de tentarmos descrever o que passamos por lá. Só me resta dizer àqueles que não foram: VÃO!

Para mim, resta somente os agradecimentos. Agradecer a todos vocês pelos momentos que passamos e desculpar pelas atitudes que julgamos corretas mesmo nos momentos mais impróprios e inadequados. Foi uma experiência única em que servimos de para-psicólogos de cada alma que caminhava ao nosso lado. Não sei se perceberam, mas a jornada serviu sim para um desabafo de cada um de nós com nossos amigos, sejam problemas familiares, sociais, conjugais e de amizade recíproca. O que restou das conversas de horas e horas pela noite a fora que cada um passou com um pouquinho de cada pessoa, foi somente uma coisa: o depósito de confiança e carisma no coração do próximo e o respeito pela novidade das novas amizades que cria um círculo vicioso de fé, amor e afeição.

Sinto totalmente grudado, acoplado e enfeitiçado por todos vocês que me acompanharam nesta jornada, pois pude exteriorizar minha felicidade e minha gratidão para almas lindas e especiais que realmente sabem o significado de viver e de sentir, sem medo e sem discriminação de qualquer gênero, número e grau. Foram vários os momentos de profunda e íntima meditação que trouxeram uma bagagem nítida de conhecimento, aperfeiçoamento e crescimento para cada um de nós, e para isso sou eternamente grato. Não há preço nem mesmo valor que pague qualquer momento que passamos juntos, pois isso é insubstituível, é inestimável, é esplendoroso e único.

Não troco nenhum mísero segundo que passei por lá com vocês; não vendo nenhum momento para ninguém; não ouso tirar vantagem de absolutamente nada e muito menos dos fatos, porque o que senti quando estava ao seu lado, olhando em seus olhos e sentindo cada palavra foi a pura e límpida sinceridade de uma alma cativante, amorosa e companheira que quero para sempre de meu lado.

Disse que a “felicidade só é completa quando compartilhada” por que de fato assim o é! Se não temos as amizades no momento certo e na hora certa, não há o porquê de viver. E a importância das amizades é justamente essa: ser compartilhada de um modo completo.

Que nossos defeitos não sejam vistos como defeitos, mas sim como passos para a evolução; que os desentendimentos e as armadilhas que passamos por todas as nossas vidas, impossibilitado do ser humano de extrair as palavras certas em todas as ocasiões sejam vistos como “defeito” meramente externo, pois o cerne e o sentimento é outro; que as risadas, os pensamentos e as fotos que estão registradas em seus corações daquela natureza sejam guardadas para sempre fazendo com que soltem risadas nos momentos mais inoportunos de suas vidas; que sejam vistos sempre como seres especiais e cativantes, dotados de energia de superação de benevolência e vontade que sirva exclusiva e unicamente de motivação para alerta do valor da vida nas outras pessoas; que vejam em você o exemplo de como seguir e como caminhar, respeitando o espaço-tempo de evolução de cada um; que sejam sempre vocês mesmos, com as suas personalidades e enfrentamentos, mas que tenham sempre 186 motivos, 186 metros de razões, 186 degraus para escalar e superar e 186 bilhões de vidas para conquistar, pois a altura não supera, a razão não coordena e nem mesmo o coração segura a vontade sua de poder sempre VIVER!

Um beijo no coração de todos vocês, e muito obrigado pelos momentos vividos...

Com grande emoção...

Udo Matiello

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